Tudo o que me dói são poemas inacabados
voltar a casa
ser raiz e haste à hora do dilúvio
gemer o vento quando a morte me ombreia os passos
e desvirtua as mãos
consentidas de noite e de flagelo.
já não viajo
(viajar é sonhar em frente)
resta apenas o vago desejo de itinerários
onde o mundo adormece de silêncio
e me esqueço do choro
da dor lilás dos que escurecem sem esperança.
e ainda assim ser
soleira
pedra
espuma
flor sobrevivente da geada ao meio-dia
voltar a casa
dobrar o olhar sobre uma carta de amor
um túmulo de aves